Sou mulher sim e falo palavrão as vezes!

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Por vezes, ouvi dizer que – por leis sociais – mulher que é mulher tem que priorizar seus ideais e não ficar de especulações por aí. Que para ser bem vista, não podia esbanjar o que enxerga nu no reflexo do espelho, nem ao menos realçar o que lhe agrada olhando de cima a baixo. E ainda, de modo algum, corpo poderia ser cartão de visita, ou porta de entrada da casa. Nada de enfeites, nada de decoração. Tão pouco chamar atenção, porque quem atrai olhares e por um acaso, acaba gostando disso, não se dá o respeito e não é merecedora de tal.
Dizem que mulher que é mulher provém de uma educação rígida, que ensina a sentar de pernas cruzadas e postura perfeitamente ereta e firme. De vocabulário vasto, bem dito e apropriado. Que palavrão que nada! Pimenta na boca. Não são modos de menina. Tem que saber se comportar em todos os tipos de ocasiões, sorrir bonito e abaixar o volume do tom de voz cada vez que se dirigir a alguém. Porte de princesa.
Uma das leis descreve que festas, baladas e toda farra das noites de final de semana não servem para mulheres que querem passar uma boa impressão. Afinal, bebida forte é para homem e dançar até o chão ao som de uma música alta não é atitude de quem merece mais do que ser vista como passe livre. Que ser pega com uma garrafa na mão e a outra baixando o vestido curto, passa uma má impressão para quem está ao seu redor. Além do mais, quem quer ser vista com outros olhos, não rebola, não veste roupas coladas e muito menos anda com copo na mão. Que dama seria essa?
Informam que mulher que é mulher não tem amigos homens, nem ao menos se faz popular no meio do grupo. Não é assunto em uma mesa de bar e não é comentário em rodinhas no corredor da faculdade. Que mulher mesmo não namora um aqui, outro ali e mais um acolá. Não tem essa de dois caras, e até três ao mesmo tempo. Dês de quando mulher pode isso, não é?
Disseram que mulher mesmo tem que se valorizar, tem que honrar o papel que lhe fora concebido, tem que respeitar pra ser respeitada.
Me disseram tudo, e eu, por educação, ouvi cada palavra e sua devida entonação. Juntei todo o amontoado de informações e meramente, digo, delicadamente, optei por fingir nunca ter escutado nada do que fora mencionado, pelo simples fato que: Eu sou mulher sim, e não preciso de aprovação nenhuma para me dominar a isso!
Sou mulher sim e falo palavrão às vezes. Vou para festas com uma roupa que faça eu me sentir bem ao olhar no espelho e adoro receber elogios por isso. Uso batom vermelho e abuso do comprimento do shorts em dias de verão. Venho de uma educação linda, e sinto orgulho disso. Não ligo de dançar minhas músicas preferidas no meio de todo mundo, e se bobear, ainda arrasto minhas amigas para dançarem junto. Bebo sempre que me dá vontade, escolho a bebida mais forte do lugar e viro uma, duas, três doses até o fim da noite. Converso com quem quiser conversar. Tenho mais amigos homens do que amigas mulheres. Saio para um encontro com uma pessoa hoje e quem sabe com mais outra na próxima sexta-feira. Já fiquei com mais de um cara em uma noite e não respondi mensagem alguma no outro dia.
Vivo dizendo que sou minha, só minha e de mais ninguém. Repito, de mais ninguém. Porque as vontades são minhas e as escolhas também. Não preciso que digam que isso é certo ou errado. Que isso me faz ser bem vista ou não. Afinal, mulher que é mulher se dá valor sim e segue suas próprias regras. E de acordo com as minhas, isso não me torna menos princesa que qualquer outra por aí. Pelo contrário.

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